Blog Oficial da Associação Brasileira de Relações Públicas - Seção Estadual de Alagoas

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma triste realidade: "RP'S EM EXTINÇÃO!"


Faculdades fecham o curso de relações públicas por falta de interessados e pela baixa contratação desses profissionais em Brasília


Ser multidisciplinar é requisito de um bom relações-públicas (RP). A profissão envolve domínio em comunicação, administração, marketing e até economia.


Mas quando o assunto é mercado de trabalho em Brasília, a variedade cai por terra. Antes com diversas oportunidades de qualificação em faculdades particulares e até na Universidade de Brasília (UnB), a cidade é restrita para quem quer seguir a carreira.


Há apenas uma opção de formação superior e um mercado de contratações enxuto, principalmente na iniciativa privada.


Percebendo a falta de alunos interessados na graduação, há seis anos, o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) deixou de oferecer a formação em RP. A ex-coordenadora do curso, Silvia Passos, acredita que a atividade perdeu espaço para outras áreas da comunicação.


Com uma média de 40 alunos nos bons tempos de oferta, o Centro Universitário de Brasília (Uniceub) seguiu a mesma trajetória do Iesb. "O mercado local não estava mais absorvendo os profissionais", justifica o ex-coordenador Harry Eduardo Klein.


Única ainda a apostar no potencial local da atividade, a Faculdade Anhanguera de Brasília oferece a graduação desde 2002, mas reconhece a demanda pequena pelo curso. "A falta de informação sobre a atuação é um dos grandes motivos", acredita a coordenadora Larissa Ribeiro. Segundo ela, anualmente, a faculdade forma cerca de 40 alunos. Muitos deles aproveitam o trabalho de conclusão de curso para explicar melhor a atuação dos RPs.


Adriana Nina, 28 anos, foi além. Também direcionou o trabalho final à área em que ela planejava atuar depois de formada.


"Fiz meu TCC (trabalho de conclusão de curso) sobre os profissionais de relações públicas que atuam em agências de publicidade", diz a atual coordenadora de mídia de uma agência da cidade.


Formada há cinco anos, Adriana acredita que, por meio de um curso superior, é possível adquirir uma boa base sobre o funcionamento de uma empresa. Mas ela avalia que, em Brasília, as oportunidade de trabalho poderiam ser maiores e a profissão, mais reconhecida.


Estágio O mercado restrito interfere consequentemente na oferta de estágios. Segundo Larissa Ribeiro, existem oportunidades na cidade, mas os estudantes nem sempre conseguem atuar diretamente na área escolhida.

"Mesmo assim, alguns deles conseguem ser efetivados ou passam a se dedicar às vagas que podem ser preenchidas por meio de concursos", diz a coordenadora.
É o caso da recém-formada Gisele Alves Araújo, 25 anos.


Também bacharel em direito, ela explica que a graduação em RP a ajudou a ter uma noção melhor do funcionamento das empresas, além do relacionamento com o público. Concurseira, ela ampliou o leque de investidas nas seleções públicas com o novo diploma. "Muitos concursos abrem vagas, mas são poucas as chances", lamenta.


Com inscrições abertas, o concurso da Defensoria Pública da União tem uma vaga de RP em Brasília, com remuneração de R$ 3.532,95. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) ofereceu três vagas para a capital e a Petrobras, outra com lotação no Rio de Janeiro. Os salários oferecidos foram, respectivamente, de R$ 3.012 e R$ 3.940.

FASE DE OURO NO SUDESTE

Nas grandes cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, as condições de trabalho dos relações públicas (RPs) são diferentes. Eles exercem função importante em projetos estratégicos das empresas, como manter o contato com o mercado exterior. Para o coordenador do curso de RP da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Nassar, a atividade está passando por uma fase de ouro. “Ela está embaixo do guarda-chuva da comunicação organizacional. Por esse motivo, exerce uma atuação importante dentro das companhias”, avalia. “Os alunos devem ter visão internacional. Esse investimento já está causando umas mudanças nos currículos das instituições”.


De acordo com João Alberto Ianhez, presidente do Conselho Federal de Relações Públicas (Conferp), a formação abrangente, com conceitos de administração e técnicas de comunicação, é imprescindível para atender a demanda do mercado empresarial. “É uma profissão que possui filosofia e técnicas administrativas. Ela foge da comunicação e entra em outras áreas”, avalia. Nassar aponta que os principais contratantes são companhias de grande porte e destaca que um dos motivos da mortalidade de pequenas e médias empresas está na falta de relacionamento interno e externo. “É uma falta de capital que não envolve apenas investimento, mas cultura e tempo. Eles (os RPs) mudam a forma de administração”, diz.


Segundo dados do Conferp, os RPs estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste do país. Dos 15.602 profissionais registrados no país, 3.733 atuam no Rio de Janeiro. Mesmo com a importância nas regiões mais fortes empresarialmente, o coordenador da USP reconhece que o mercado ainda não tem espaço para contratar todos os profissionais formados. “As oportunidades devem aumentar com os grandes eventos, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo”, analisa.


Aluna do último semestre de RP, Cinthia Nery, 23 anos, também espera um acontecimento de peso para ver o cenário da profissão escolhida melhorar em Brasília. “Os estudantes estão confiantes que a chegada da Cidade Digital deve trazer para cidade empresas multinacionais, surgindo novas oportunidades”, diz.


Cinthia já estagiou na coordenação de relações públicas do Ministério do Transporte e, atualmente, está no cerimonial do Ministério Público. Mesmo planejando trabalhar como RP no setor privado, ela valoriza as experiências no funcionalismo público, principalmente por conta dos adendos à rede de relacionamentos. “É uma pena as empresas privadas não oferecerem chances. Mas para o RP os contatos podem valer mais do que dinheiro”, diz.
 
 
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE (Caderno Trabalho e Formação Profissional)
Distrito Federal – 11/04/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário